São Paulo é conhecida por suas diversas opções de lazer, cultura e empreendimento. Porém uma das maiores dificuldades em um dia ensolarado na cidade é saber como aproveitá-lo bem. Diante de tanto concreto e carros por todos os cruzamentos, é possível ter uma visão diferente: entre a natureza, a calma, os passarinhos: São Paulo!
Em um dia de céu azul, os parques da cidade ficam lotados. Muitas pessoas preferem fugir dos locais fechados, dos passeios aos shoppings centers e salas de cinema. Um lugar não muito visitado de onde é possível ver a metrópole paulistana de forma diferente, como uma maquete, é a Pedra Grande, localizada na maior floresta urbana do mundo, no Parque Estadual da Cantareira.
Esse "refúgio" está localizado a apenas dez quilômetros da Praça da Sé. A área do parque possui oito mil hectares, mas apenas uma pequena parte deles são abertos ao público, para preservação do local. Esses espaços são separados em quatro núcleos: Pedra Grande (local sugerido nessa edição para passeio), Engordador, Águas Claras e Cabuçu. As opções variam do desfrute de trilhas e lagos a banhos em cachoeiras, tudo dentro de uma porção de Mata Atlântica.
Desde a entrada a natureza está presente, até se esquece que estamos em São Paulo, não se ouve nenhuma buzina e nem há prédio à vista. Para quem não está muito acostumado com trilhas e prefere evitar possíveis escorregões, o caminho até a pedra grande é asfaltado.
Nessa reserva ecológica, as mais diversas espécies de plantas também possuem história. Entre as árvores samambaiaçu, ameaçadas de extinção, há muitos pés de café, que denunciam o avanço da cidade pela mata ocorrido no final do século XIX. Nesse período, fazendas começaram a ocupar as partes mais baixas da serra da Cantareira, destruindo a vegetação. Ao serem desapropriadas as fazendas, a Mata Atlântica mostrou sua capacidade de regeneração. As árvores naturais do espaço cresceram rápido, e não se imagina que boa parte tinha sido derrubada.
Além de toda a biodiversidade, o Parque da Cantareira é um grande manancial, responsável pelo fornecimento de água de toda a população da zona norte de São Paulo, que tem crescido aceleradamente. Contudo, “a floresta urbana” sofre impactos com o desenvolvimento.
O geógrafo Adriano Rangel, que começou a trabalhar na área no Parque da Cantareira em 1999, destaca a necessidade de se conscientizar a população: “É preciso oferecer às pessoas educação ambiental, pois preservar o lugar é uma questão urbana”. Ainda que a cidade pareça distante e a mata poderosa, “os carros que passam pelo centro da cidade também são culpados de agredir a natureza nativa da Cantareira. É preciso, então, conhecer para preservar”, explicou o geógrafo.
Uma medida para proteção da mata, boa parte ainda primária, foi o "congelamento" de uma área de 29 mil hectares, decretado pelo governo do Estado de São Paulo. Isso significa que o trecho não poderá receber atividades que possam representar impacto ambiental, como extração ou exploração da mata nativa e implantação de áreas de reflorestamento - como a plantação de eucaliptos.
Quando o cansaço começa a chegar durante a caminhada, uma bica de água garante o refresco. Todos, ao ouvir o barulho da água caindo, param para beber um pouco ou tirar foto, local é propício para a percepção do quanto todo aquele ecossistema é importante. Essa mesma água chega a milhares de torneiras da cidade
A caminhada até a Pedra Grande é acompanhada por canto de pássaros, macacos bugios, esquilos, bicho-preguiça e há quem já tenha visto onça cruzando a estrada. A curiosidade pelos sons dos bichos e do vento que passa pela mata faz a visão mudar de foco e o olhar é atraído para cima, e é possível, então, admirar a altura das árvores.
Após percorrer pouco mais de 4,5 km, uma pedra abre espaço na mata. A maioria dos visitantes faz um piquenique enquanto aprecia a cidade, que parecia bem mais agitada há menos de duas horas. A chegada lá em cima é cheia de sensações, a principio se pensa: “é só uma pedra grande”, mas ao subir sobre ela: “Nossa!”. São Paulo ficou lá em baixo.
E quem diz que a metrópole paulistana tem de tudo, pois é: água de mina, maior floresta urbana do mundo e lugares onde todos podem admirar a cidade.
Serviço:- Parque Estadual Serra da Cantareira
Rua do Horto, 799 - Horto Florestal - Zona Norte
Tel.: (11) 2203-3266
Horário: Apenas aos finais de semana e feriados, das 8h às 17h.
Preço: R$ 5.
Foto: Debora Gemignani
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